Terceiro dia tem workshops para retomar o ‘rolê’ melhor do que era

por Rafael Takano

Rádio: Uh! Manas TV

No terceiro dia da Fervo Conference tivemos em nossa rádio uma programação de TV, com os sets femininos da UH! Manas.

A iniciativa de reunir DJ mulheres em uma programação única na plataforma Twitch surgiu com as pistas fechadas pela pandemia ainda em 2020, e hoje é um dos pilares da cena de streaming musical no Brasil.

A manhã dessa quinta foi recheada com sets de variados estilos, de MPB a techno, passando por beats afrohouse e cumbias, nas seleções das DJs Jeni Janes do México, La Reina de Brasília, Lady Daph de Curitiba e Lisi Oliveira de Florianópolis.

Fervo TV:  Novíssimo Edgar entrevista Hayge Mercurio

Em mais uma conversa astral, o Notícias do Futuro recebeu a empresária e ativista Hayge Mercurio, produtora do Mercado das Pulgas Loki Bicho, evento que funcionava como um brechó colaborativo, mas que deixou de acontecer por conta da pandemia.

Contou para o Novíssimo Edgar como o isolamento social influenciou na criação da sua nova marca Aalastraa, definindo a chegada desse novo projeto como “sentir uma energia de vida em um momento de morte”.

Com ateliê montado na Ocupação 9 de julho, acompanha a questão da moradia há 3 anos e vê na Ocupação “uma nova possibilidade de vida”.

Workshop: Divulgação e presença digital: como espalhar o seu fervo?

Nesse workshop para produtores e produtoras de rolê, Alex Correa passou uma visão geral de estratégias e boas práticas para divulgar seu evento na internet, especialmente nas redes sociais.

Baseado em 3 pilares (Alcançar mais gente, Reter o público e Vender ingressos), o especialista em marketing de grandes eventos disse que humanizar seu conteúdo é uma das chaves para seu evento voltar dessa pandemia com mais força.

Quanto gastar, como gastar e onde gastar na hora de investir em anúncios e impulsionamento (spoiler: não clique no botão azul) ; que tipo de conteúdo produzir; como construir sua segmentação; quem são seus influencers e como usá-los (outro spoiler: eles estão mais perto do que você imagina)… Alguns dos tópicos que Alex abordou e que podem fazer a diferença no sucesso e longevidade do seu fervo.

E calma, você não precisa fazer dancinha para adolescentes no TikTok. Mas se quiser pode.

Palestra: Como reduzir os riscos de propagação da COVID-19 no seu espaço cultural?

Essa palestra do biomédico Lucas Zanandrez era uma das mais aguardadas por produtores e proprietários de casas de show e festas. O que ele falou foi alarmante para os mais esperançosos, mas abriu possibilidades de um retorno mais consciente, apoiado em evidências científicas.

Apesar de reforçar a mensagem de que qualquer retorno é precipitado, Lucas deu dicas práticas para minimizar o risco de contágio – mesmo em locais fechados -, como exaustores, monitoramento da qualidade do ar, filtros HEPA, medição de temperatura NA TESTA, distanciamento e o uso de máscaras adequadas.

Muito esclarecedor e didático, o apresentador do canal Olá, Ciência! iniciou o workshop explicando as bases científicas para entender COMO o vírus se propaga e contamina, e por que esse entendimento é fundamental para criar os protocolos dos eventos.

Também passou um panorama da situação atual da COVID-19 no Brasil, e o que podemos esperar dos próximos meses, usando dados dos países que estão com a vacinação mais avançada, e países que já levantaram as restrições a eventos e aglomerações.

Assista o vídeo, e use máscaras PFF2.

Mesa: Diversificando os negócios

A mediadora Lorena Calabria volta ao Fervo para conversar com empresários do setor de entretenimento que encontraram alternativas aos eventos presenciais. 

Festivais e casas de shows perceberam cedo que não poderiam focar os esforços nos eventos presenciais e se viraram, por exemplo, para a produção de conteúdo audiovisual ligado à música e à cultura.

Mirando nas redes sociais, na publicidade, e até em plataformas próprias, aproveitaram frentes de trabalho que já tinham e se aprofundaram nessas velhas habilidades para transformá-las na nova fonte de renda.

Representantes do Festival Coala, Festival Bananada e da Casa de Francisca, compartilharam suas experiências e aprendizados na busca por soluções como empresas, mas sobretudo como setor que lida com pessoas, cultura e inquietações artísticas.

As ganas de eventos presenciais são muito grandes, e assim que se sentirem seguros, voltarão, mas até lá esses grupos encontraram uma forma de manter seus projetos vivos sem colocar ninguém em risco.

A importância do fervo para a comunidade LGBTQIA+

Renan Quinalha, professor de Direito da UNIFESP, advogado e militante de Direitos Humanos, apresentou a história da relação do fervo e seus espaços com a comunidade LGBTQIA+. Bares, salões de festa, inferninhos e baladas são espaços para curtir, flertar, permitir e existir, mas foram espaços como esses que também possibilitaram que a comunidade se organizasse, e de onde nasceram importantes movimentos políticos.

Renan volta lá na Alemanha do fim do século XIX para contar como a Berlim cosmopolita da época foi o epicentro da vida homossexual, com publicações para a comunidade LGBT e uma grande cultura de bares, sendo mais de 100 estabelecimentos voltados para ‘homossexuais’. Unida, a comunidade consegue revogar a lei alemã que proibia relações entre pessoas do mesmo sexo.

Buscando outro momento histórico, Renan chega às grandes cidades dos Estados Unidos dos anos 50 e 60, em que gays e lésbicas encontravam nos bares os territórios de realização dos desejos, de encontros, contatos, e amizades que não podiam ter em casa, ou em espaços públicos. A repressão policial era tão intensa que deflagrou uma série de revoltas, sempre relacionados a esses bares frequentados pelas populações LGBT.

“O fervo eram os espaços que elas podiam se realizar, amar outras pessoas. Tem uma importância existencial”, comenta Renan ao explicar as motivações que levaram aos Tumultos de Stonewall, emblemático embate contra a polícia em frente ao bar Stonewall de Nova York.

Voltando para o Brasil, os bailes de carnaval com “temática” LGBT nos anos 60 também abriam algum espaço para celebração da vida gay. Semelhante com o que aconteceu em Berlim e em Nova York, a polícia brasileira – em épocas de ditadura – passa a reprimir esses locais que foram apropriados pela comunidade LGBTQIA+. A luta para assegurar esses territórios serviu, também no Brasil, para a criação de organizações e movimentos políticos importantes.

Show: Malka (lançamento EP Praia do Meio) part. Natt Maat

Estreando as músicas de Praia do Meio, novo EP de Malka, os sintetizadores se misturam com sonoridades de reggae, funk, new wave, e uma lírica punk festiva, que celebra as origens de Malka.

Fervidíssima e combativa, prova que o mesmo rolê pode ser espaço de contestação e hedonismo, celebrando as vidas e vitórias travestis.

Assista toda a programação dessa quinta na playlist abaixo:

Anota a programação dessa sexta-feira e não perca nenhuma atividade!

10h – Rádio Dublab Brasil
14h30 – Fervo TV: Novíssimo Edgar entrevista Jup do Bairro
15h – Palestra: Direitos Autorais: remix, samples, licenciamento e sincronização
16h –  Mesa: O que será do Carnaval quando houver Carnaval?
18h – Palestra: A internet deu ruim: espaços culturais, algoritmos e o futuro
19h – Mesa: Ajude a sua cena
20h30 – Show: Marsha! Showcase + Bixarte MC

Online e gratuito em www.fervo.org e youtube.com/fervoconference